Machismo

uma sombra coletiva que precisamos iluminar

O machismo é uma sombra profunda da nossa sociedade, que não apenas oprime mulheres, mas também aprisiona os homens em papéis rígidos e desumanizadores. Desde cedo, somos ensinadas que meninas devem ser submissas, delicadas e fofas, enquanto meninos precisam reprimir lágrimas e esconder suas fragilidades. Esse condicionamento gera violências de várias formas: desde imposições de padrões estéticos inatingíveis, que corroem a autoestima e controlam nossos corpos, até o extremo do feminicídio.

Uma construção histórica de poder e desigualdade

Em algum momento da história, a força física passou a ser associada ao controle de recursos e poder. Com isso, o masculino foi exaltado como símbolo de autoridade, proteção e domínio, enquanto o feminino foi relegado ao cuidado, à reprodução e ao espaço doméstico. Essa hierarquia estabeleceu o patriarcado como base estrutural da sociedade, reprimindo características como cuidado, empatia e intuição, que passaram a ser vistas como “fraquezas” associadas ao feminino.

O recorte racial: a dupla opressão

Quando analisamos o machismo sob a lente do racismo, a realidade se torna ainda mais cruel. Mulheres negras enfrentam uma dupla opressão, sendo frequentemente desumanizadas, hiperssexualizadas e excluídas. No mercado de trabalho, ocupam os últimos lugares na contratação e os primeiros nas demissões. Mesmo em espaços feministas, suas vozes muitas vezes são ignoradas ou silenciadas, perpetuando a exclusão em múltiplos níveis.

A sombra coletiva do machismo

O machismo não é apenas um comportamento individual, mas uma expressão de uma sombra coletiva — os aspectos reprimidos e inconscientes de uma sociedade que perpetuam a opressão. Ele se manifesta em crenças, microagressões, diferenças salariais, exploração estética e “piadas” que reforçam estereótipos. Questionar essa sombra exige coragem para confrontar privilégios e padrões de comportamento que muitos reproduzem sem perceber.

Como transformar essa realidade?

Reconhecer as opressões é o primeiro passo. Precisamos criar espaços onde o cuidado, a vulnerabilidade e a voz feminina sejam legitimados e valorizados. Como disse Audre Lorde: “O silêncio no patriarcado é a voz da cumplicidade.” Não há neutralidade diante da opressão. O silêncio alimenta a sombra. Para transformar, é preciso falar, agir e romper com estruturas que mantêm essa dinâmica viva.


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